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Ferdinando ouviu essa narrativa em silencioso espanto! Maravilha não causada pela aventura descrita, mas pela ousadia e temeridade do marquês, que assim expusera à inspeção de seu povo aquele lugar terrível que ele sabia por experiência ser o refúgio de um espírito ferido; um lugar que ele até então escondera escrupulosamente dos olhos e da curiosidade humana; e que, por tantos anos, ele mesmo não ousara entrar. Pedro continuou, mas foi interrompido por um gemido oco, que parecia vir de debaixo da terra. 'Virgem bendita!', exclamou ele. Ferdinando ouviu com terrível expectativa. Um gemido mais longo e terrível se repetiu quando Pedro se levantou de seu assento e, pegando a lamparina, saiu correndo da masmorra. Ferdinando, que ficou em total escuridão, seguiu até a porta, que o assustado Pedro não havia parado para trancar, mas que estava fechada e parecia presa por uma fechadura que só podia ser aberta pelo lado de fora. As sensações de Ferdinando, assim compelido a permanecer na masmorra, são inimagináveis. Os horrores da noite, quaisquer que fossem, ele suportaria sozinho. Aos poucos, porém, pareceu adquirir a coragem do desespero. Os sons se repetiram, em intervalos, por quase uma hora, quando o silêncio retornou e permaneceu imperturbável pelo resto da noite. Ferdinando ficou alarmado por não aparecer e, por fim, tomado pela ansiedade e pela vigilância, mergulhou em repouso. Eles então se apressaram para o local onde os cavalos estavam estacionados e iniciaram a jornada. Por algumas léguas, viajaram em silêncio e reflexão, por uma região selvagem e pitoresca. A paisagem era tingida de tons ricos e variados; e as luzes outonais, que brilhavam sobre as colinas, produziam um efeito vibrante e belo no cenário. Todas as glórias da vindima se ergueram diante deles: as uvas roxas brilhavam em meio ao verde-escuro da folhagem ao redor, e a paisagem brilhava com exuberância.